Olho por olho , e o mundo ficará cego .











Mahatma Gandhi









Saber


Vi _Ver .



Sunday, February 24, 2013

Afazema
















Elas são as mães . . .
rompem do inferno , furam a treva ,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas .
Animais sonâmbulos ,
dormem nos rios , na raiz do pão .

Na vulva sombria
é onde fazem o lume ,

ali têm casa .
Em segredo , escondem
o latir lancinante dos seus cães .

Nos olhos , o relâmpago
negro do frio .

Longamente bebem
o silêncio
nas próprias mãos .

O olhar
desafia as aves . . .

o seu voo é mais fundo .
a escutar
os passos do crepúsculo .

Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra .

É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar .

São elas que fabricam o mel ,
o aroma do luar ,
o branco da rosa .

Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho .


 



Eugénio de Andrade

7 comments:

Andradarte said...

É um grande poeta.., dos que mais gosto.....
bfs
Beijo

Lilá(s) said...

Temos grandes poetas, sem dúvida.
Bom fim de semana
Bjs

Nilson Barcelli said...

Uma excelente escolha poética.
Maria, minha querida amiga, tem um bom resto de domingo e uma boa semana.
Beijo.

Sonhadora (Rosa Maria) said...

Minha querida

Uma escolha maravilhosa este poema de Eugénio de Andrade que eu adoro.
A imagem também foi muito bem escolhida...a sensibilidade está na tua alma.


Um beijinho com carinho
Sonhadora

Smareis said...

Grande poeta Eugénio de Andrade, adoro seus poemas.
Ótima escolha!

Depois de um tempinho ausente do blog estou de volta.Já tem postagem nova.
Deixo um grande abraço!
Ótima semana!

Refletindo com a Smareis---Clique Aqui----

Emília Pinto said...

São as mães, sim, amiga; mulheres...amantes...mães acima de tudo; preparam o pão...o mel...sentem o fel...Mas...ao cantar do galo lá estão elas... de novo na luta. de sorriso aberto, mesmo quando a vontade é de chorar. Lindo este poema de Eugénio de Andrade. Beijinhos e obrigada pela partilha. Fica bem, amiga!
Emília

ONG ALERTA said...

Mães não tem limites
Beijo Lisette.