Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas , meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo , Amor , que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz !
Florbela Espanca
Thursday, October 28, 2010
Saturday, October 23, 2010
Violetas .
Uma
sombra encostava a pata
ao vidro da janela .
Asim protegidos , adormeciamos .
Luisa Neto Jorge _ Poemario Assirio e Alvim _
sombra encostava a pata
ao vidro da janela .
Asim protegidos , adormeciamos .
Luisa Neto Jorge _ Poemario Assirio e Alvim _
Thursday, October 21, 2010
Alfazema .

*
No
regresso encontrei aqueles
que haviam estendido o sedento corpo
sobre infindáveis areias
tinham os gestos lentos das feras amansadas
e o mar iluminava-lhes as máscaras
esculpidas pelo dedo errante da noite
prendiam sóis nos cabelos entrançados
lentamente
moldavam o rosto lívido como um osso
mas estavam vivos quando lhes toquei
regresso encontrei aqueles
que haviam estendido o sedento corpo
sobre infindáveis areias
tinham os gestos lentos das feras amansadas
e o mar iluminava-lhes as máscaras
esculpidas pelo dedo errante da noite
prendiam sóis nos cabelos entrançados
lentamente
moldavam o rosto lívido como um osso
mas estavam vivos quando lhes toquei
depois a solidão transformou-os de novo em dor
e nenhum quis pernoitar na respiração
do lume
ofereci-lhes mel e ensinei-os a escutar
a flor que murcha no estremecer da luz
levei-os comigo
até onde o perfume insensato de um poema
os transmudou em remota e resignada ausência
e nenhum quis pernoitar na respiração
do lume
ofereci-lhes mel e ensinei-os a escutar
a flor que murcha no estremecer da luz
levei-os comigo
até onde o perfume insensato de um poema
os transmudou em remota e resignada ausência
*
*Al Berto
Saturday, October 16, 2010
Violetas .
Saturday, October 09, 2010
Alfazemas .

*
Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores ,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente ,
uns vêem pedras pisadas ,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moínhos
D.Quixote vê gigantes.
Vê moínhos ? São moínhos.
Vê gigantes ? São gigantes
António Gedeão .
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores ,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente ,
uns vêem pedras pisadas ,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moínhos
D.Quixote vê gigantes.
Vê moínhos ? São moínhos.
Vê gigantes ? São gigantes
António Gedeão .
Saturday, October 02, 2010
Violetas
É fácil trocar as palavras ,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado ,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto ,
Difícil é chegar ao coração !
É fácil apertar as mãos ,
Difícil é reter o calor !
É fácil sentir o amor ,
Difícil é conter sua torrente!
Como é por dentro outra pessoa ?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa .
As dos outros são olhares ,
São gestos, são palavras ,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.
*
Fernando Pessoa
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado ,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto ,
Difícil é chegar ao coração !
É fácil apertar as mãos ,
Difícil é reter o calor !
É fácil sentir o amor ,
Difícil é conter sua torrente!
Como é por dentro outra pessoa ?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa .
As dos outros são olhares ,
São gestos, são palavras ,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.
*
Fernando Pessoa
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