Diz- me devagar coisa nenhuma ,
assim a só presença com que me perdoas esta fidelidade ao meu destino .
Quando assim não digas é por mim que o dizes .
E os destinos vivem - se como outra vida .
Ou como solidão .
E quem lá entra ? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só comigo ?
Diz - me assim devagar , coisa nenhuma ...
o que à morte se diria , se ela ouvisse ,
ou se diria aos mortes , se voltassem .
Jorge de Sena _ Quinze poetas portugueses do século XX _