Olho por olho , e o mundo ficará cego .











Mahatma Gandhi









Saber


Vi _Ver .



Thursday, March 29, 2012

Alfazema























Quando
nasci , um anjo esbelto , desses que tocam trombeta , 
anunciou ...
vai carregar bandeira

Mulher é desdobrável .
Eu sou.

*Adélia Prado

Friday, March 23, 2012

Violetas


Vêm 
da infância 
a rasar a memória 
a voarem o vento  .

Naquele segundo 
em que se ouve bater 
o coração das pedras ,
uma flor de 
amparo , 
o apoio de uma 
asa 
no voo raso às raízes do tempo 
Até ao vácuo  .
Os anjos são 
os olhos 
da cidade ,

olhos de mulher 
que voa ,
tem asas de cristal 
e água  .
Eles voam com as suas asas 
de prazer . . .

Queria saber 
do destino dos anjos 
quando voam 
no mar 
dos nossos olhos ,
no céu líquido 
dos olhos 
das mulheres .

Diz-me  . . .
da poesia 
através da palavra 
dos anjos  

Têm todos os anjos 
o vício 
da queda  



Friday, March 16, 2012

Alfazema























E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos
E por vezes  . . .
/
num segundo se envolam tantos anos  .






David  Mourão  Ferreira

Friday, March 09, 2012

Violetas






















 Liberdade, que estais no céu . . .
Rezava o padre-nosso que sabia ,
A pedir-te , humildemente ,
O pio de cada dia .
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia .

Liberdade, que estais na terra . . .
E a minha voz crescia
De emoção .
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração .

Até que um dia , corajosamente ,
Olhei noutro sentido , e pude, deslumbrado ,
Saborear , enfim ,
O pão da minha fome . . .

 Liberdade , que estais em
 mim ,
Santificado seja o vosso nome .





Miguel Torga 

Friday, March 02, 2012

Alfazema


Os anjos alados
da memória


com as suas asas
de pérgula
e medronho


a voarem noite dentro,
pelo sonho
/
És um pássaro _  digo
És um pássaro ,


com penas
cintilantes
dos teus olhos .


As tuas asas
de pétalas


tecidas com a luz
das penas
das asas que te crescem


Poisar um pouco
nos parapeitos
da memória ,


antes de recomeçar
o voo
de regresso a casa
/
Deixa-me voar
por cima do teu
colo


até ir poisar
na tua alma .






Maria Teresa Horta