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Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar .
Eu adoro todas as coisas .
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite .
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito .
Amo tudo , animo tudo , empresto humanidade a tudo ,
Aos homens e às pedras , às almas e às máquinas ,
Para aumentar com isso a minha personalidade .
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio .
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija .
Dá-me lírios , lírios
E rosas também .
Dá-me rosas , rosas ,
E lírios também ,
Crisântemos , dálias ,
Violetas , e os girassóis
Acima de todas as flores ...
Deita-me as mancheias ,
Por cima da alma ,
Dá-me rosas , rosas ,
E lírios também ...
Minha dor é velha
Como um frasco de essência cheio de pó .
Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não há aves ,
E minha dor é silenciosa e triste
Como a parte da praia onde o mar não chega.
Dá-me rosas , rosas ,
E lírios também ...
Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar .
Eu adoro todas as coisas .
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite .
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito .
Amo tudo , animo tudo , empresto humanidade a tudo ,
Aos homens e às pedras , às almas e às máquinas ,
Para aumentar com isso a minha personalidade .
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio .
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija .
Dá-me lírios , lírios
E rosas também .
Dá-me rosas , rosas ,
E lírios também ,
Crisântemos , dálias ,
Violetas , e os girassóis
Acima de todas as flores ...
Deita-me as mancheias ,
Por cima da alma ,
Dá-me rosas , rosas ,
E lírios também ...
Minha dor é velha
Como um frasco de essência cheio de pó .
Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não há aves ,
E minha dor é silenciosa e triste
Como a parte da praia onde o mar não chega.
Dá-me rosas , rosas ,
E lírios também ...
Álvaro de Campos
6 comments:
Maria,
As flores ajudam a atenuar o desconforto da constatação de haver uma "parte da praia onde o mar não chega".
Beijo :)
Dá-nos lírios, dá-nos roras e também dá-nos amor e acalanto!
Lindo, lindo!
é outro poema este poema que recolheste do
"Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,(...)
O poema integral é revolucionáriamente moderno à maneira de Cesário Verde, nele há uma espécie de sofreguidão do sofrimento alheio para mitigação do sofrimento próprio; uma forma pré-sacrificial e catártica muito presente nestes dias pouco esperançosos que vamos vivendo.
As flores aliviam a nossa alma, pois enebriam com a sua beleza o nosso olhar. Lindo poema e um blog encantador, meus parabéns.
Bom domingo
Um abraço
Maria
*
um Belo
e Florido Jardim !
,
parabens,
,
floridas marés !
*
E saber viver é isso...é querer rosas...lírios...lírios e rosas; é querer essência...querer humanidade no coração, no nosso e no dos outros. Só querendo rosas...só querendo até aquelas florzinhas silvestres e simples é que poderemos atenuar as dores e ultrapassar os obstáculos da caminhada. Muito lindo este poema, amiga. Um beijinho e boa noite
Emília
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