Saturday, March 26, 2011
Violetas
Ó nau gigante , ó nau soturna ,
galera trágica e nocturna ,
que levas , dize , no porão ? ...
O vento chora sobre o Mundo ,
chora de raiva o mar profundo ...
que levas , dize , no porão ? ...
/
Teu cavername exala miasmas ,
teus marinheiros são fantasmas ,
que levas , dize , no porão ? ...
Teu pendão negro vai a rastros ,
/
que levas , dize , no porão ? ...
_ Dentro do esquife , amortalhada ,
levo uma Pátria assassinada ,
no meu porão !
Guerra Junqueiro
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5 comments:
Maria, não conheço o autor, mas conheço a história da loucura. Não sei se ele quis trabalhar isso, mas foi impossível não associar. Incrível!
Mesmo com toda beleza desencadeou pensamentos críticos que tenho sobre a psiquiatria.
Bjocas,
K.
Keila olá ,
Guerra Junqueiro foi poeta e político português, nascido em 1850 e falecido em 1923.
Foi considerado entre nós o mais vivo representante de um romantismo social panfletário .
É interessante essa associação à chamada loucura , pois considero que todos nós temos um pouco disso . Claro que uns mais que outros . Os poetas com a sua sensibilidade axacerbada e em momentos de crise mais ainda , não é verdade ?
O poema chama - se pátria , e devido ao momento que Portugal está a atravessar , considerei adequado a sua postagem .
Obrigada pelo seu comentário e a atenção que dedicou ao poema .
Beijinhos ,
Maria
Mais uma excelente escolha. E o som de fundo é muito agradável.
Um beijo.
Olá, Maria
Lindo e (infelizmente) muito actual este poema de Guerra Junqueiro.
Sendo, como sabemos que foi, um crítico acérrimo dos desmandos dos (des)governantes, imagina os poemas que ele escreveria hoje, se fosse vivo!!!
Espero e desejo, de coração, que te encontres completamente restabelecida.
Boa semana. Beijinhos
Mais uma das tuas boas escolhas, e com a continuação da crise vais ter que continuar no mesmo ritmo...valem-nos as violetas.
Bjs
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