Povo que lavas no rio ,
Que vais às feiras e à tenda ,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão ,
Pode haver quem te defenda ,
Quem turve o teu ar sadio ,
Quem compre o teu chão sagrado
Que vais às feiras e à tenda ,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão ,
Pode haver quem te defenda ,
Quem turve o teu ar sadio ,
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida , não!
Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia ...
Mas a tua vida , não!
Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo , de mão em mão...
Água pura , fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida , não!
Procissões de praia e monte ,
Areais , píncaros , passos
Atrás dos quais os meus vão!
Que é dos cântaros da fonte ?
Guardo o jeito desses braços...
Mas a tua vida , não!
Aromas de urze e de lama!
Dormi com eles na cama ...
Tive a mesma condição .
Bruxas e lobas , estrelas !
Tive o dom de conhecê-las ...
Mas a tua vida , não !
Subi às frias montanhas ,
Pelas veredas estranhas
Onde os meus olhos estão .
Rasguei certo corpo ao meio ...
Vi certa curva em teu seio ...
Mas a tua vida , não!
Só tu! Só tu és verdade!
Quando o remorso me invade
E me leva à confissão ...
Povo! Povo! eu te pertenço .
Deste-me alturas de incenso,
Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia ...
Mas a tua vida , não!
Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo , de mão em mão...
Água pura , fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida , não!
Procissões de praia e monte ,
Areais , píncaros , passos
Atrás dos quais os meus vão!
Que é dos cântaros da fonte ?
Guardo o jeito desses braços...
Mas a tua vida , não!
Aromas de urze e de lama!
Dormi com eles na cama ...
Tive a mesma condição .
Bruxas e lobas , estrelas !
Tive o dom de conhecê-las ...
Mas a tua vida , não !
Subi às frias montanhas ,
Pelas veredas estranhas
Onde os meus olhos estão .
Rasguei certo corpo ao meio ...
Vi certa curva em teu seio ...
Mas a tua vida , não!
Só tu! Só tu és verdade!
Quando o remorso me invade
E me leva à confissão ...
Povo! Povo! eu te pertenço .
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida , não!
Pedro Homem de Mello_ Miserere _
Pedro Homem de Mello_ Miserere _
8 comments:
Querida amiga
A vida é o que existe
de mais precioso em nós.
Embora não nos pertença,
é a nossa essência,
razão e sentido.
Lindo poema.
Semana de alegrias para ti.
Lindo Poema...Lindo Fado...
Adoro esta cor.
Beijo
Lindo! conseguis-te por-me a cantarolar...
Bjs
Nunca me canso de ler este poema.
Gosto do teu gosto...
Beijos, querida amiga.
Um poema interessantíssimo o que tu lembraste, inigualavelmente interpretado por Amália e António Variações. Tudo de bom.
*
alfazema do monte
amonte
n teu blog !
,
adorei,
,
conchinhas,
,
*
A vida é nosso maior presente...simplesmente viva...
Beijo Lisette.
Às vezes penso se não foi por causa dele e daquele programa em que passava os ranchos folclóricos que os meus sentidos se abriram para o deslumbramento posterior da música do José Afonso e dos documentários do Michel Giacometi.
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