Aqui, na Terra, a fome continua .
A miséria , o luto , e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza ,
E também da pobreza , e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas ...
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta , é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome .
E são brinquedos as bombas de napalme.
José Saramago _ Poemas possíveis _
Saturday, May 08, 2010
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10 comments:
Quando o Manuel Freire cantou este poema lembro-me de me ter interrogado sobre quem seria este poeta.
É triste a fome, a miséria a sede que se alimentam de morte e luto. Ninguém deveria morrer pela falta,quando a Terra é tão rica.Montão de bjs e abraços
E assim continuará, resta-nos o aroma das violetas.
Bjs
Resta-nos o aroma das violetas,como dizes.Mas a cor violeta é transmutação...é o que nos resta Querida Violeta,força, coragem e União.
Beijinho doce e bom fim de semana
Tenho lá a roda...
http://vemsonharcomigo.blogspot.com/
Poesia em alerta.
Obrigado pelos parabéns.
O comentário realmente não entrou.
Mas se o fígado agradeceu, então está valendo.
até mais.
Jota Cê
A fome deveria não ser tão malvada. Como dói saber que essa luta continua desigual.
Maria, Maria, Maria? Você está aí? É que quero dizer que você é linda...
Beijo do tamanho do meu carinho.
Rebeca
-
Amiga.
Saramago apesar de gênio,
consegue de modo simples nos tocar o coração,
e cobrar de nós
posições que justifiquem o nosso existir,
por meio de palvras duras,
mas verdadeiras.
Que a vida esteja plena em ti.
Querida amiga, escolheste um belo poema.
Obrigado pela partilha.
Bom resto de semana.
Beijo.
.________querida Lilaz
José Saramago_________a apresentação está feita.
e de forma perfeita com este poema
.
excelente post
___________///
beijO_______ternO
"É porque talvez, sabemos o nome que nos deram mas não o nome que temos"
José Saramago
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