Friday, April 16, 2010
Alfazema .
Sim ,
quero dizer sim ao inacabado
que é o princípio de tudo
e o que não é ainda ,
sim , ao vazio coração que ignorae que no silêncio preserva o sim do início ,
sim , a algumas palavras que são nuvens brancas
e deslizam amplas
sobre um mundo pacífico ,
sim , aos instrumentos simples da cozinha ,
sim , à liberdade do fogo
que adensa o vigor da consciência ,
sim , à transparência que não exalta
mas decanta o vinho da pesença,
sim , à paixão que é um ajuste ao cimo
de uma profunda arquitectura íntima,
sim , à pupila já madura
que se inebria das sombras das figuras,
sim , à solidão quando ela é branca
e desenha a matéria cristalina,
sim , às folhas que oscilam e brilham ao subtil sopro de uma brisa ,
sim , ao espaço da casa ,
à sua música
entre o sono e a lucidez , que apazigua,
sim , aos exercícios pacientes
em que a claridade pousa no vagar que a pensa ,
sim , à ternura no centro da clareira
tremendo como uma lâmpada sem sombra ,
sim , a ti , tempestade que iluminas
um país de ausência ,
sim , a ti , quase monótona , quase nula
mas que és como o vento insubornável ,
sim , a ti , que és nada e atravessas tudo
e
és o sangue secreto do poema.
António Ramos Rosa
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8 comments:
Que boa escolha de poema e imagem para fim de semana!
Bjs
Sim a ti!
Que texto real. Exaltar o que de mais errado certamente nos abraça.
até mais.
Jota Cê
Luis ,
obrigada pela visita e pelo
" sim " .
Maria
Lindíssimo!!!
Estar aqui me renova a alma!
Adoro teu espaço!
Beijo com carinho minha amiga
Bea
Sim...o não é castrante.
Beijinho doce:)
Também digo o mesmo que bonitas imagens escolhidas por ti, as palavras com imagens lindíssimmas que sempre escolhes para ilustrar o que escreves.
Tudo se conjuga, e isso para mim é arte.
Beijinhos
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