Olho por olho , e o mundo ficará cego .











Mahatma Gandhi









Saber


Vi _Ver .



Friday, April 29, 2011

violetas

Recomeça
se puderes ,
sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
não descanses.

De nenhum  fruto  queiras  só  metade.

E , nunca saciado ,
vai colhendo
ilusões sucessivas no pomar
E vendo
acordado,
o logro da aventura.


És homem , não te esqueças !
Só é tua a loucura
onde , com lucidez , te reconheças .




Miguel  Torga

Monday, April 25, 2011

Alfazema


25  de  Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo .
Onde emergimos da noite e do silêncio ,
E livres habitamos a substância do tempo .



Sophia de Mello Breyner

Wednesday, April 20, 2011

Monday, April 18, 2011

violetas



Escrevo o que ainda conheço,
nomes de ruas , pássaros , arvores,
monólogos de quem ainda fala alto
É a minha voz ou a tua ?
Como se fosse uma metáfora sem fim.

Lá fora a chuva confunde-se com gestos ,
falamos do tempo , porque entre o silêncio e o nada.
Ouve , quando não fores capaz de falar ...  toca - me


Maria de Sousa 

Friday, April 15, 2011

Alfazema




Em paisagens humanas , importa - me distinguir a sede dos olhos que ainda procuram .





Patrícia Baltazar

Cornelia Hermes

Saturday, April 09, 2011

violetas



Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola .
Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade .
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência .
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro .
Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós.
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo .
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro.
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco .
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura .
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante .
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino .
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte .



Natália Correia

Saturday, April 02, 2011

Alfazema

Deus quer , o homem sonha , a obra nasce .



Deus quiz que a terra fosse toda uma ,

Que o mar unisse , já não separasse.

Sagrou-te , e foste desvendando a espuma ,

E a orla branca foi de ilha em continente ,

Clareou, correndo , até ao fim do mundo ,


E viu-se a terra inteira , de repente ,

Surgir redonda , do azul profundo.

Quem te sagrou creou-te portuguez .

Do mar e nós em ti nos deu sinal .

Cumpriu-se o Mar , e o Império se desfez .

Senhor , falta cumprir-se Portugal !




Fernando Pessoa _ Mensagem _