Olho por olho , e o mundo ficará cego .











Mahatma Gandhi









Saber


Vi _Ver .



Saturday, November 27, 2010

Alfazema




Já desertou de mim o anjo preto ,e a minh´ alma cinzenta ,
ficou branca .
Que bom que era que desertasse também o anjo branco
p ´ra que minh´alma ficasse apenas
transparente ...



*
Cristovam Pavia

Tuesday, November 23, 2010

Violetas



Uma palavra antiga
mais nada .
Eh amiga ,
camarada !

Eh , onde quer que o sonho
leve o teu corpo tenso , teu sabor campesino ,
agridoce , de azedas e medronho ,
tua voz - aurora , sol , vitorioso sino.

Motivo de cantiga ,
anónima e amada
eh amiga ,
camarada !




Daniel Filipe _ Pátria lugar de exilio _

Saturday, November 20, 2010

Alfazema



Não te faças anunciar
Limita - te a chegar .

Pousa o casaco com os bolsos cheios
dessa tua vida mundana ,
na cadeira vazia
/
Descalça - te .
Não quero que os lugares onde estiveste
partilhem os passos que te trazem até mim
/
Hoje fico em silêncio ,
porque essas palavras já não me pertencem
E a ti também não.
Acabaram - se os porquês .

Amanhã não me acordes .
limita - te a sair pela ultima vez .


Ruth Ministro _ A minha Nuvem _

Saturday, November 13, 2010

Violetas



Obrigado
por todos os sonhos impossíveis ,
e pelas notas de amor que o violino não vibra
!
Obrigado por esta solidão que me esfarpa e me liberta !
Mas sobretudo obrigado pela lágrima que veio ,
inesperada , sorrir nos meus olhos
!


Cristovam Pavia

Wednesday, November 03, 2010

Alfazema


Povo que lavas no rio ,
Que vais às feiras e à tenda ,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão ,
Pode haver quem te defenda ,
Quem turve o teu ar sadio ,
Quem compre o teu chão sagrado

Mas a tua vida , não!

Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia ...
Mas a tua vida , não
!

Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo , de mão em mão...
Água pura , fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida , não
!

Procissões de praia e monte ,
Areais , píncaros , passos
Atrás dos quais os meus vão
!
Que é dos cântaros da fonte ?
Guardo o jeito desses braços...
Mas a tua vida , não
!

Aromas de urze e de lama!

Dormi com eles na cama ...
Tive a mesma condição .
Bruxas e lobas , estrelas
!

Tive o dom de conhecê-las ...
Mas a tua vida , não
!


Subi às frias montanhas ,
Pelas veredas estranhas
Onde os meus olhos estão .
Rasguei certo corpo ao meio ...
Vi certa curva em teu seio ...
Mas a tua vida , não
!

Só tu! Só tu és verdade!

Quando o remorso me invade
E me leva à confissão ...
Povo
!
Povo! eu te pertenço .
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida , não!



Pedro Homem de Mello_ Miserere _

Tuesday, November 02, 2010

Violetas .
















Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se carácter custa caro
pago o preço.

Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.

Um rio, só se for claro.
Correr, sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro ,
não paro nem mereço.

E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
se carácter custa caro ,
pago o preço.

Sidónio Muralha